A FRAGILIDADE DA VIDA...

Hoje me dei conta de como a vida é frágil, percebi isso cuidando do meu pai a madrugada inteira, eu que julgava não ter mais forças para o dia-a-dia, me descobri tendo que ser mais forte do que aquele homem que sempre foi um grande exemplo de fortaleza pra mim.
Não é facil ver sua vida se acabando cada dia um pouco por um mal do século chamado cancêr e mesmo assim tentar vencê-lo no tapa. Meu pai vive essa rotina diária, tentando driblar mais um dia a morte, para viver um pouco mais, esse é um verdadeiro herói.
Mas como todo herói tem sua fraqueza, a dele é quando não consegue mais lutar sozinho e recorre aos guerreiros que estão sempre de prontidão para ajudar, eu e minha irmã, ela cuida durante o dia e eu à noite. As vezes é preciso ser forte para não se deixar abater, sinto-me cansada de uma eterna luta constante, onde o meu maior objetivo é dar o maior conforto e bem estar para ele, não deixa-lo sentir dor e nem desamparado, ou ainda com aquele sentimento terrivel de que "está dando trabalho aos outros", mais trabalho demos nós, os filhos, desde que nascemos demos trabalho, agora é hora de retribuir.
Sempre tive como pensamento que dívida de pai pra filho termina quando fazemos 21 anos, mas dívida de filho pra pai é eterna, afinal, foram eles que trabalharam infinitamente para nos dar casa, comida, estudo e melhores condições para que a garra nunca nos faltasse para correr atrás de nossos objetivos.
Eu devo muito das minhas vitórias aos meus pais, e as vezes que caí ou fiz besteira, foi porque não os escutei ou não segui os caminhos certos que sempre me ensinaram a percorrer. Hoje toda minha vida é voltada pra ele, e não me arrependo nem um segundo.
Terei todo tempo do mundo para fazer uma faculdade à noite, terei a chance de um dia poder namorar e sair normalmente como qualquer pessoa normal, poderei viajar por dias, tirar férias, dormir até tarde, sair sem ter compromisso de hora pra voltar. Mas por enquanto tudo isso está cancelado, tenho a prioridade máxima da minha vida chamada PAI, e por essa faço questão de abrir mão dos meus sonhos. Ele merece todo o carinho e amor que eu tenha em mim pra dar.
Por mais tristeza que as vezes tenha, por mais decepções que viva no dia-a-dia, desde uma possivel reconciliação com alguem especial que me dava o melhor colo, mas que não aconteceu como eu desejava (descobri que a vida pra ele está tão pesada que não pode ser mais como antes e me dar o carinho que sempre me deu no passado, e quando me dei conta disso, me senti o incomodando sem querer, gostava de conversar com ele, de saber sua vida, e isso era como um balsamo para as minhas dores, só que agora não é mais assim, o que era doce e suave, não existe mais, e isso só aumentou ainda mais a sensação de que "nada do que foi será do jeito que já foi um dia", pra isso, só um milagre, e como não acredito mais que milagres existam... Eu tentei, só não sei o que fazer com o amor que ainda existe guardado aqui dentro...c'est la vie!), até o excesso de trabalho e noites mal ou quase nunca dormidas, ausencia na academia que paguei pra malhar, balança que teima em não ser bacana e mostrar-se pra menos e não pra mais como foi o resultado da Páscoa, entre outras mil coisas que não saem como se espera, é por ele que tenho que me resgatar e criar forças para encarar todos os desafios que essa doença terrível ocasiona. É por ele que tenho que viver para que ele também sobreviva. Jamais me arrependerei de abrir mão dos meus sonhos, pra cuidar do meu amor maior que é meu pai, os meus sonhos, deixo Deus sonhar por mim, Ele sabe o que faz, e sabe que posso carregar a cruz que me deu nessa vida para carregar com muito orgulho.

Acho que a única coisa que preciso na vida é um abraço silencioso, sem perguntas e sem resposta, puramente a tradução de "tudo vai ficar bem".

Bem, força e fé sempre, pois é só comigo e com Deus que devo contar!